Temer cometeu “atentado contra a Lava Jato e crime contra o povo”, avalia procuradora

  • Por Jovem Pan
  • 18/05/2017 14h29
Johnny Drum/ Jovem Pan

A delação da JBS acusando o presidente Michel Temer de autorizar a compra do silêncio de Eduardo Cunha segue abalando Brasília e as forças políticas. Com vários desdobramentos ainda acontecendo, a Dra. Thaméa Danelon, procuradora da República e representante do Ministério Público, esteve no Pânico na Rádio nesta quinta-feira (18) para esclarecer as situações e o que deve acontecer em seguida.

Ao comentar sobre os áudios gravados por Joesley Batista de Temer, a procuradora qualificou a atitude do presidente como “um atentado contra a operação Lava Jato e um crime contra o povo”.

“Silenciar condenados [como é o caso de Eduardo Cunha] é um crime de obstrução a justiça muito grave”, explicou. “Ele está obstruindo a investigação”, falou. A procuradora ainda ressaltou a necessidade de os áudios serem investigados a fundo.

“A princípio, a gravação realizada por Joesley não é ilícita. Claro que tem que ser provado, não dá para se ter convencimento somente com uma conversa, precisa demonstrar o caso de corrupção”, disse.

Assim, depois de mais investigações, um julgamento segundo a constituição deve condenar, se assim for indicado, o presidente. “Não se pode ter preocupação política nem pensar se prejudica o cenário econômico”, disse ao defender o julgamento.

E caso Temer seja afastado do cargo de presidente, seus possíveis sucessores – Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados; Eunício de Oliveira, presidente do Senado; Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal – conseguiriam carregar o país por mais 1 ano até as eleições presidenciais?

Para Thaméa, a princípio, somente Cármen Lúcia teria condição de ocupar o cargo. “[Rodrigo e Eunício] são investigados e, a meu ver, não têm condição moral de assumir. Penso que a decisão do Supremo de afastar réus da linha sucessória deveria ser estendida para investigados também”, defendeu.

A procuradora ainda defendeu a prática das delações premiadas, que tem sido criticada por “não manter os corruptos na cadeia”. Segundo ela, é mais produtivo que os investigados entreguem outros “peixes grandes” envolvidos em escândalos e recebam benefícios do que ficarem presos por apenas 2 anos, que é a pena por corrupção.

“A delação premiada é boa para o réu e a sociedade porque não só aponta o dedo para outras pessoas como tem a devolução do dinheiro desviado”, pontuou ao esclarecer que apesar de estar fazendo um bom trabalho contra a corrupção, a Lava Jato não irá solucionar todo o problema.

“Acabar com a corrupção é um mito, mas é possível diminuir e controlar. A Lava Jato sozinha não vai mudar a corrupção, para isso precisamos de penas maiores”, falou.

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